We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Concentrando Pra N​ã​o Morrer

by viniciuslezo

/
  • Streaming + Download

    Includes high-quality download in MP3, FLAC and more. Paying supporters also get unlimited streaming via the free Bandcamp app.
    Purchasable with gift card

      name your price

     

1.
PRA NAO MORRER HOJE Eu como eu fumo eu falo palavrão Eu corro pra pegar a condução, eu conto moeda, vejo que não da, peço carona, se não dão eu vou a pé, paro de fumar. Eu lembro das vidas jovens da rua onde eu morava, onde eu moro, todas esvaidas, projétil e projétil num projeto inútil as mães da minha rua que sonham tanto a sua prole mais tão util as classes ricas de plantão, menos um bandido, menos uma prostituta, menos uma travesti, menos uma cantora, um aprentadpr de televisão menos um ator foda, menos uma aberração. Pra não morrer hoje eu me concentro num outro caminho mesmo que não tenha força pra caminhar e não aja caminho Pra não morrer hoje, ontem eu fui silêncio pra quem sabe um grito amanhã mesmo que abafado. Eu fiz escudo da minha alma e carapaça da minha carne, os ossos eu mantenho afiado pra não morrer hoje Da cabeça eu já nem falo pra não morrer hoje Faço do sol de ontem o adiantamento pro pão de amanhã e me mantenho o mais longe possível das fardas governamentais Parto e chego sem partido, cria do povo e de uma dona Maria analfabeta de escola e phd em sobrevivência... Pra não morrer hoje eu lembro dos irmãos e irmãs que não são contados nem na hora de sua morte e agradeço a minha mãe por ter uma certidão de nascimento. Pra não morrer hoje eu me lembro de respirar a cada paço dado sempre que der, pra não morrer hoje, sempre que der, só pra não morrer, pelo menos hoje SO YOU DON'T DIE TODAY I as I smoke I speak bad words I run to get the car, I count money, I see that it doesn't work, I ask for a ride, if they don't, I walk, I stop smoking. I remember the young lives of the street where I lived, where I live, all vanished, projectile and projectile in a useless project the mothers of my street who dream so much of their offspring more so useful the rich classes on duty, one less bandit, one less prostitute minus a transvestite minus a singer minus a television aprentadpr minus a fuck actor minus a freak. In order not to die today I focus on another path even if I don't have the strength to walk and don't act on the path So as not to die today, yesterday I was silence for who knows, a scream tomorrow even if muffled. I made my soul's shield and my flesh's shell, the bones I keep sharp so I don't die today From the head I don't even speak so I don't die today I make yesterday's sun the advance for tomorrow's bread and keep myself as far away from government uniforms as possible. I leave and arrive without a party, a child of the people and an illiterate Dona Maria from school and PhD in survival... In order not to die today I remember the brothers and sisters who are not counted even at the time of their death and I thank my mother for having a birth certificate. So as not to die today I remember to breathe every step I give whenever I can, so I don't die today, whenever I can, just so I don't die, at least today
2.
3.
Transtorno 03:36
4.
Mar de Amargura ​​Arranhão Um choro só Verdade ainda apanha Solidão sobre nós Um copo me arranha Uma dor que me arranha É pura loucura Ter que ver o surreal Num mar de amargura Coisa de perdão e tal É pura loucura É mais que super surreal É um mar de amargura Coisa de perdão e tal
5.
6.
7.
Estado de Choque E então eles disseram ‘Globalização’. E, então, soubemos que assim chamavam a esta estranha ordem na qual o dinheiro é a única pátria à qual servir, onde as fronteiras se diluem, não pela fraternidade, mas pelo dessangramento que engorda os poderosos sem nacionalidade. A mentira tornou-se moeda universal e teceu em nosso país, sobre o pesadelo da maioria, um sonho de bonança e prosperidade para a minoria. Corrupção e falsidade foram os principais produtos que nossa Pátria exportava para outras nações. Sendo pobres, vestimos de riquezas nossas carências e, tanta e tão grande foi a mentira, que acabamos acreditando que era verdade. Preparamo-nos para os grandes fóruns internacionais e a pobreza foi declarada, por vontade governamental, uma invenção que se desvanecia ante o desenvolvimento que bradavam os índices econômicos. E nós (indígenas) ? Cada vez mais esquecidos. A história não era suficiente para evitar que morrêssemos, esquecidos e humilhados. Porque morrer não dói, o que dói é o esquecimento. Descobrimos, assim, que não existíamos mais, que os governantes tinham se esquecido de nós na euforia de cifras e taxas de crescimento. Um país que se esquece de si mesmo é um país triste; um país que se esquece do seu passado não pode ter futuro. Então tomamos, e penetramos nas cidades onde éramos animais. Fomos e dissemos ao poderoso ‘Aqui estamos!’, e gritamos para todo país ‘Aqui estamos!’, e gritamos para todo mundo ‘Aqui estamos!’. E vejam só como são as coisas porque, para que nos vissem, tivemos que cobrir nosso rosto; para que nos nomeassem, negamos o nome; apostamos o presente para ter um futuro; e para viver... morremos Collapsed State And then they said 'Globalization'. And, then, we learned that they called this strange order in which money is the only homeland to serve, where borders are diluted, not by fraternity, but by the bloodshed that fattens the powerful without nationality. The lie has become universal currency and has wove in our country, on the nightmare of the majority, a dream of prosperity and prosperity for the minority. Corruption and falsehood were the main products that our homeland exported to other nations. Being poor, we dress our needs in riches, and so much and so great was the lie that we ended up believing it to be true. We prepared ourselves for the great international forums and poverty was declared, by the government's will, an invention that vanished in the face of development that economic indices clamored for. What about us (indigenous people)? More and more forgotten. History was not enough to keep us from dying, forgotten and humiliated. Because dying doesn't hurt, what hurts is forgetting. We discovered, therefore, that we no longer existed, that the rulers had forgotten us in the euphoria of figures and growth rates. A country that forgets itself is a sad country; a country that forgets its past cannot have a future. So we took, and penetrated into the cities where we were animals. We went and said to the mighty 'Here we are!', and we shouted to the whole country 'Here we are!', and we shouted to everybody 'Here we are!' And just look at how things are because, in order for them to see us, we had to cover our faces; that they might name us, we denied the name; we bet the present to have a future; and to live... we die
8.
Profecia 04:52
PROFECIA (Bianca Manicongo - Bixarte) Eu vejo minhas as falas queimarem meu corpo Atravessar sem pedir meu interior Eu vejo meus medos intensificados por causa de pragas de muitas igrejas Usando o Senhor Eu vejo esse povo matando meu povo reproduz denovo o que me apagou… Da história Memória notória que estampa o sorriso deixando de lado meus medos e dor Marcas Que me ensinou a… Não mais cair Que me ensinou a adorar meu corpo e respeitar o templo do corpo da travesti Que Jesus me transforme E que suas falas sobre meu corpo te transtornem Não vai ter mais capoeira Ninguém mais bate tambor Enquanto não houver justiça, só vamo rezar pra Xangô Que com seu machado opere milagre Pois os brancos e seus deuses gregos só operam massacre Onda conservadora que mata preta de fome ou de trabalho escravo Vocês são a própria reencarnação do moço Borba Gato Vocês batem na esposa, me procura de madrugada e de dia bate continência? Eu sei.. Que só é bom ficar calado, quando Erica Malunguinho pegar a faixa da presidência. PROPHECY (Bianca Manicongo - Bixarte) I see my lines burn my body Cross without asking my interior I see my fears heightened by the plagues of many churches using the lord I see these people killing my people reproduces again what erased me… From history Notorious memory that prints the smile putting aside my fears and pain brands Who taught me to… No more falling Who taught me to adore my body and respect the temple of the transvestite's body May Jesus transform me And may your talk about my body upset you There will be no more capoeira Nobody beats drums anymore As long as there is no justice, let's just pray to Xangô That with your ax work miracles For the whites and their Greek gods only carry out massacre Conservative wave that kills black women with hunger or slave labor You are the very reincarnation of Borba Gato Do you hit your wife, look for me at dawn and salute during the day? I know.. That it's only good to keep quiet, when Erica Malunguinho gets the presidency belt.
9.
Um Corpo No Ar (Saulo Gomes Rocha) Outro dia, bem ali naquela esquina, eu vi um menino preto ser imobilizado. No exato momento que eu virei a esquina, do outro lado do cruzamento o corpo de um menino preto congelou no ar, sendo segurado por dois homens que imobilizaram ele. Normalmente eu sou o cara doidão que fica do outro lado da rua mandando energia positiva pra que as coisas se resolvam. Mas dessa vez eu vi que as pessoas que estavam ali na hora da confusão já tinha ido embora e sobrou uma mulher branca de meia idade que mandava aos berros que os dois policiais prendessem o menino. As pessoas passavam de carro aplaudindo e buzinando em comemoração só por verem um menino preto imobilizado mesmo sem saber o porquê. Atravessei a rua correndo e perguntei pq o menino tinha que ser preso e ela me disse: - Porque esse moleque é suspeito! -Minha senhora, então vai ter que me prender também. Acho que também sou suspeito. Mas ser suspeito não é crime. Racismo é! Inafiançável! Naquele dia na encruzilhada eu presenciei o conflito e meu olhar aflito flagrou o instante em que mais um garoto preto era imobilizado O problema pior veio adiante, no show de racismo que envolve a gente e o estado O cenário era de denúncia de um suspeito sem crime ou vítima presente E um branco sorriso contente, de uma senhora literalmente Ovacionada por moradores de uma zona sul carente Sim, a Zona Sul do Rio de Janeiro é que é uma comunidade carente Carente de abraços; carente de afagos; mas também carente dos seus antigos escravos; carentes de espaços que agora quem ocupa é a gente Eu tambem sou o moleque suspeito e sou mais, sou abusado, encardido, viado, orfão, safado, macumbeiro, mandado, o que chamam de errado, mas poderiam chamar sobrevivente de um aparelho de estado que comete crime autorizado Que dá tapa na cara antes de dizer bom dia Que fala mal de bandido e corrupto mas olha só, quem diria... Elege político envolvido com milícia que cobra de geral o cafezinho mas não protege nem os clientes nem o dono da padaria. Os bacanas chamam de vagabundo o menino preto que mandam pra DP Mas nunca lavaram o próprio banheiro ou fizeram um jantar QUE Surge magicamente enquanto assiste TV E no fim de tudo a gente que tem que agradecer Ao cara da gravata que nunca falou um obrigado para mãe do adolescente largado pelo estado Que agora trabalha até os domingos limpando casas num emprego sem direitos e subremunerado É muito fácil aplaudir de pé enquanto o pretinho é levado Esquecendo que ele pode ser o filho da babá que teve que o largar o filho dela pra dar aos teus o devido cuidado e o desgraçado ainda comemora com buzina quando o o filho dela é levado esquecendo do futuro que ele como patrão poderia ter dado se ele tivesse pago o salário da mãe dele que tava atrasado E o cara ainda chama ela de quase família, embora ela seja um dos poucos pretos que ainda aceita ter ao lado desde que sejam a ele subordinado Vocês acham que peguei muito pesado? Tem alguém incomodado? Ah, “irmão”, e se ninguém solta a mão de ninguém, saiba que pra seguirmos de mãos dada, não sou eu que tenho que passar a acreditar no seu discurso de meritocracia. É você que tem que lavar sua mão suja de hipocrisia; reconhecer pelo menos um privilégio por dia, engolir o seu racismo que talvez ainda nem conhecia e trasmutar até ele virar luz, pra que essa luz oriente seu caminho todo dia.
10.
Amor de Quintal Minha família é minha espera de afeto Meu ponto de reconhecimento de minha raiz Quando vejo minha família não alcanço só meu passado Mas consigo também dar pé ao meu futuro Eu cresci em um quintal com terra batida pra entender a dureza do chão e saber que quedas são difíceis mas não insuperáveis Minhas mais velhas revezam o nosso alimentar E se preciso fosse colocavam sua fome em modo de espera Pra suprir nossos sonhos e garantir que acontecesse qualquer ideia que tínhamos e que minha vida não pode concretizar Somos um quilombo real Nosso maior significado é que ninguém pode ser deixado pra trás Deste modo você deve encontrar nos poros de minha mãe um novo sentido de vida de quem detém todos os segredos de sobrevivência Folha de laranja da terra Alho Farinha e água É em fogo brando que se cozinha a cura Lembro uma vez que me atirei contra o solo E perdi um pedaço do meu incisivo central Mesmo com um buraco no lugar do que deveria conferir um sorriso Meus irmãos me diziam que eu continuava linda E isso é sobre saber da beleza por detrás das coisas Minha família premedita o que vai acontecer E escreve dali em jardim primavera todas as estações que ajudam uma família que já venceu a fome a entender que não venceu nada se tem gente que ainda não come Nossa veia principal mora na fé Nosso impossível mora em nós mesmos Movimentamos pra quem observa de fora se alegrar ao dizer: veja como essa família preta nunca irá parar por nada Somos o bem plantado em uma noite de lua cheia De lá de onde eu venho acredite, o mal se passar é revanche backyard love My family is my waiting for affection My point of recognition of my root When I see my family I don't just reach my past But I can also give foot to my future I grew up in a backyard with dirt to understand the hardness of the ground and to know that falls are difficult but not insurmountable. My elders take turns feeding our And if need be, they would put their hunger on standby To fulfill our dreams and make sure that any idea we had that my life can't come true would happen. We are a real quilombo Our greatest meaning is that no one can be left behind In this way, you must find in my mother's pores a new meaning of life of one who holds all the secrets of survival. Earth orange leaf Garlic flour and water It is in a gentle fire that the cure is cooked I remember once I threw myself against the ground And I lost a piece of my central incisor Even with a hole in the place of what should bestow a smile My brothers told me I was still beautiful And this is about knowing the beauty behind things My family premeditates what will happen And writes from there in Jardim Primavera all the seasons that help a family that has already overcome hunger to understand that it has not overcome anything if there are people who still don't eat Our main vein lives in faith Our impossible lives in ourselves We move for those watching from the outside to rejoice by saying: see how this black family will never stop for anything We are the good planted on a full moon night From where I come from, believe me, the evil that happens is revenge

about

Vinicius "Lezo" is a Pernambuco citizen with typical identification with those who are proud to belong to the fertile lands of the sound fusion that Brazil and the world are gaining. Recife has been the place of the musical avant-garde for generations. Gathering these pieces of history of popular music that Lezo migrated from the Candeias locality, to settle in São Paulo with the same courage that other Pernambuco had to re-signify Brazilian sounds, giving them the futuristic guise that makes them universal. Ressignifying does not mean depriving of meanings, on the contrary, Lezo's objective is to expand the possibilities of sound reading to create new meanings, memories and affections. He proposes a true collision of sound elements to expand consciousness and bodies. From this fusion arise the artistic coalitions that are part of the independent network that has been fostering for just over fifteen years.

"Concentrando Pra Não Morrer"("Focusing Not Die"): Debut album of the music producer's solo career, who has more than fifteen years of experience, anticipates the eponymous album that will be released at the end of the year. The name came from an expression of "Lezo", who also curates memes, often used in a comic context and which in the pandemic gained new meanings. "Concentrating Pra Não Morrer" explores a sound that refers to the confinement of the body and the need to expand the mind during the current pandemic. Just as we resort to fragments of positive memories and projection of a better future post-pandemic with the hope of writing a new story, the sound proposed by Lezo captures sound fragments from the 70s, 80s, 90s and 00s / 10s, to project a unique futuristic sound. and leave new traces in the history of Brazilian music. They are sample clippings along with beats and instrumentation gathered by the artist who signs the composition (not the lyrics) and is responsible for the musical direction of the other instruments.

Vinicius Lezo's sound escapes easily identifiable labels. Despite being inspired by various currents and movements of expression such as: Cyberpunk, Archigram and dialoguing with an imagetic and utopian future, it defines itself as "Afro-Cyberdelic" in direct reference to Chico Science and the Manguebeat Movement.
Its main objective is to stimulate the world of ideas and can be both dancing and meditative. Conceived as the ideal soundtrack for a retro futuristic sci-fi movie, in which flying carts hover over wandering heads that inhabit houses on stilts. The sound that fills concrete but unreal scenarios, impossible to play. Influenced by the aesthetics of audiovisual works such as: Matrix, "Ghost in The Shell", Evangelion and Black Mirror and sounds such as Brian Eno, Tony Allen, Daft Punk, Nação Zumbi, Atoms for Peace, Kraftwerk and Fela Kuti.

credits

released January 13, 2022

Photography: Hugo Sá
Costumer Direct: Helena Pimenta
Cover: Raoni Assis
Artistic Directors: Hugo Sá / Helena Pimenta / Vinicius Lezo
Musical and Artistic Production: Vinicius Lezo
Mix and Master eng: Bruno 'Gago' Freire
Arrangement / Sax / Flute (Concentrando Pra Não Morrer): Diogo Acosta
Lyric / Vocal ("Mar de Amargura"): Tagore Suassuna
Lyric / Vocal ("Pra Não Morrer Hoje"): Cacau de Sá
Lyric / Vocal("Um Corpo No Ar"): Saulo Rocha
Lyric / Vocal ("Profecia"): Bixarte
Lyric / Vocal ("Amor de Quintal"): Carol Dall Farra
Track "Estado de Choque": Lyric Vinicius Lezo / Sub Comandante Marcos / Vocal: Giordano Castro
Track "Tarde em Candeias": Diego Drão (teclas)
Track "Amor de Quintal": Rosie Mankato (guitarras)
Track "Concentrando Pra Não Morrer" / "Estado de Choque" / "Pra Não Morrer Hoje" / "Um Corpo No Ar" / "Transtorno": Bruno 'Gago' Freire (eletric guitar / noise / dub)

license

all rights reserved

tags

about

Vinicius Lezo São José Dos Campos, Brazil

Vinicius "Lezo" e tem por objetivo de ampliar as possibilidades de leitura sonora para criar novos sentidos, memórias e afetos. Propõe uma verdadeira colisão de elementos sonoros para expandir consciências e corpos. A partir desta fusão surgem as coalizões artísticas que fazem parte da rede independente que fomenta há pouco mais de quinze anos. ... more

contact / help

Contact Vinicius Lezo

Streaming and
Download help

Report this album or account

If you like Concentrando Pra Não Morrer, you may also like: